Enredo 2015

O Bloco Revolucionário do Proletariado COMUNA QUE PARIU! começa a apresentar o seu enredo de 2015

LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER

com uma frase dita há 103 anos pela comunista russa Alexandra Kollontai:

"Qual o objetivo das feministas burguesas? Conseguir os mesmos avanços, o mesmo poder, os mesmo direitos na sociedade capitalista que possuem agora os seus maridos, pais e irmãos. Qual o objetivo das operárias socialistas? Abolir todo o tipo de privilégios que derivem do nascimento ou da riqueza.”

LEMBRA DAQUELE CARNAVAL NO SOVIET
BLOCO NA RUA, NOSSA GREVE EM 17

Naquele ano, no Rio de Janeiro, uma música de terreiro - rezam a lenda e a Wikipedia - foi gravada em estúdio pela primeira vez. Já em Petrogrado, seria a história do 8 de março que passaria ao registro definitivo da história. Antecipando-se a seu tempo, operárias lideradas pelas tecelãs iniciaram uma greve no dia em que os calendários russos ainda marcavam 23 de fevereiro. Deu samba e a coisa acabou em revolução.

Mas há aí um leve engano: estava tudo só começando.

SATANÁS E BRUXAS ABORTANDO O CAPITAL

"A mulher continua a ser escrava do lar, apesar de todas as leis libertadoras, porque está oprimida, sufocada, embrutecida, humilhada pelos pequenos trabalhos domésticos, que a amarram à cozinha e aos filhos, que malbaratam a sua atividade num trabalho improdutivo, mesquinho, enervante, embrutecedor e opressivo. A verdadeira emancipação da mulher e o verdadeiro comunismo só começarão ali e onde começar a luta em massa (dirigida pelo proletariado, detentor do poder do Estado) contra esta pequena economia doméstica, ou, mais exatamente, quando começar a sua transformação em massa numa grande economia socialista." (Lênin, 28/06/1919)

Feminismo é palavra que virou moda até nas páginas de jornal que apoiou a ditadura (e ainda apóia). Porém, desde os tempos mais primórdios e sem nenhuma gaiatice sabemos - as e os comunistas - que essa é parte fundamental da luta para que a humanidade se liberte de todas as formas de exploração.

ANTES DOS 13 ME PASSARAM A MÃO
SE FIQUEI QUIETA A CULPA É DA OPRESSÃO

Da vigilância sobre o chuveirinho no banho às práticas depilatórias, passando pela postura do corpo, pelos olhares e pelas vestimentas, o machismo está presente no cotidiano de todas e todos. Ninguém, por mais atenta ou atento, estará imune. Sorrateira ou escandalosamente associado ao consumismo, à coisificação e à exploração do trabalho, essa forma de opressão gera filhos como piadas "sutis", eleições de musas e vítimas de violência sexual, embora nem todas achemos graça, votemos ou sejamos estupradas.

As guerreiras do Daomé e as guerrilheiras de Kobane denunciam o mito da fragilidade e da subordinação. Mas ainda é preciso lembrar o exemplo de Anitas, Rosas, Olgas, Claras e também Alexandras, Patrícias, Angelas, Carolinas Marias, Sojourners, Harriets, Cláudias. Cada uma à sua maneira e todas juntas, num certo sentido, puseram a boca no trombone e, também por isso, souberam nalgum momento a dor e a delícia de serem o que foram: mulheres e insurgentes. Graças a elas não esqueceremos que, às vezes, sair à padaria ou mesmo nascer podem se tornar atos subversivos.

Por isso e muito mais que, este ano, não tem quem segure: a Maluca vai cantar alto, com direito inclusive a Comissão de Frente:

NO COMUNA SAMBA HOMEM COM HOMEM
TAMBÉM MULHER COM MULHER

Antecipando-se aos "sabem de nada, inocentes", um aviso: mulher com homem pode do mesmo jeito, a ideia é justamente essa. E vice-versa. Mas só se quiser, é bom saber. Se não quis, não precisa ficar de recalque xingando de rodada ou galinha: beijinho no ombro esquerdo pra você. Santas, putas ou filhas da luta, cada um/a dança com quem acompanhar o ritmo, basta o par estar a par. Afinal, camaradas, quem dá o que é seu não faz dívidas e o gênero humano é (a) internacional.