Manifesto de Fundação

Nosso bloco pretende ser não o maior bloco do carnaval carioca, nem se tornar uma escola de samba. Nosso bloco não pretende competir com os grandes blocos do Rio, mas pretende mostrar que ainda é possível, e além, que é necessário fazer um apelo à juventude e a demais seguimentos que brincam o carnaval.

Muitos falam do carnaval como a festa democrática, em que o “pobre” vira rei e o “rei” vira pobre, em que todos brincam na rua, independente de time de futebol, etnia, nacionalidade ou outros falsos antagonismos. Dizem até mesmo que não importam nem as classes sociais, todos são iguais. Outros, mais realistas, dizem do carnaval como a doce ilusão, algo que alimenta a alma ao longo de quatro dias, mas que a quarta-feira de cinzas desmancha e traz de volta à realidade.

Nós discordamos da visão de festa democrática, discordamos da falácia da volta do carnaval de rua como uma democratização da festa. Discordamos e resolvemos agir.

Onde está democracia em blocos cercados por corda onde somente entram quem possui o abadá? Onde está democracia em festas particulares no meio da rua, excluindo do espaço demarcado aqueles que não compraram a cara camisa?

Nosso bloco também tem camisa vendida, mas não para excluir. Nossa camisa é para contribuir com a organização da festa, e pelo orgulho de ser comunista, de brincar sem esquecer a nossa causa, a nossa identidade, a nossa luta, sem patrocínio. Quem não tem camisa também é bem-vindo, pois o que importa é participar.

Na tradição de quem sempre viu a cultura inserida na luta de classes, de artistas comprometidos com a causa do socialismo como Mario Lago, Candido Portinari, Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes, Vianinha, do CPC da UNE, da luta pela democratização da cultura; nessas tradições, a UJC traz o “Comuna que Pariu!” como mais uma arma da crítica.